UMA VERDADE, UM ALENTO
Na vida não conseguiria
Fazer nada se não fosse
Essa força, essa fé que
Tenho em Deus,
O mundo é mudo,
Mas diante dele eu não
Fico calado,
Vejo minha face
No espelho, percebo então
Que não é mais a mesma
De anos atrás, vejo umas rugas
Inconformadas brincando
De esconde-esconde,
Ouço a cantoria dos trovões,
Olho o sol beijar todos os dias
As manhãs transcendentais,
Os pingos das chuvas molharem
A juba do leão, um livro de poemas
Ainda não decifrado por mim,
O touro regente o escorpião,
Tenho sete vidas!
Vidas que adquiri
Do gato da Ana Clara,
Ah, o mundo também é caduco,
Tenta atingir mais uma centúria,
Mas não conseguirá, porque antes
Tem que entender o desenrolar
Da serpente,
Hoje é domingo,
Não acendi nenhum cigarro,
Percebi que apenas o meu
Celular e a televisão
Do meu quarto funcionavam,
Espero agora um contentamento
Um alento um casamento,
O que mais poderei
Esperar dessas ruas
Sem escapulário
Olho através da vidraça
E vejo que não chegou
A primavera,
Essa semana que passou
Foi terrível para mim apenas
Serviu para encher
O meu saco (valise)
E extrair as fotografias
Do calendário,
Ah, como o mundo
É do Raimundo,
Atravesso a avenida
E converso com a
Vendedora de cosméticos,
Comprei uma dúzia de cheiro
Para perfumar o mundo imundo.
ALBERTO ARAÚJO
Enviado por ALBERTO ARAÚJO em 13/02/2009