ALBERTO ARAÚJO - MEU RECANTO
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DESEJO DE POETA




Não... Não prometas o que não podes dar-me!...
Pois o que desejo é cada gesto,
Cada palavra, cada segundo teu...
Um amor sem fim...
O teu túnel sangrento, onde as noites vigiam
Os faróis dos incendiários recifes;
O teu pavilhão que tilinta os metais
Nos porões e sarjetas
E reacende as luzes das escuridões insanas;
O teu canto que debulha o cereal nos moinhos
Em pleno meio-dia e revigora a lâmpada do sol;
A tua luz vertical que acende
E fecha as asas dos céus;
O teu dia que em plena cortesia
Traz as palavras, os ares, os vinhos
E as pétalas de rosas;
A tua cama que despede a sombra
e ilumina os sóis ditosos;
O teu tempo que treme
E decora toda a luz da tua janela,
Com fios de ouros-prata;
A tua imensidão de luas, os teus territórios,
A tua areia e os teus longos rios;
A tua noite que devera abraça o infinito
E devolve o amor das constelações
Dos beijos de eternidade;
As tuas árvores que voam por tuas veias
E deixam as raízes, os grãos que fecundam o amor,
Nas tuas terras habitadas;
O teu grito que desperta o arco-íris
E levanta os olhos dos rios,
de sul a norte, de leste a oeste;
A tua palavra que enterra a sabedoria
Nas lápides dos poetas
Que construíram o amor nas sílabas,
Que o vento transportará, por anos e anos;
Os teus aviões, as naves que regressam dos quartéis
e no diurno infinito abraça os arquipélagos;
O teu grão pólen que germina o ser humano
Na tua montanha e no teu planeta;
A tua brisa que derrota a negra noite,
As trevas e a brasa negra ...
O teu momento depois da chuva,
Quando tu descabelas os trens
E fecha as portas do infinito,
Com fechadura e ferrolho celeste.
O teu tudo!?...



28/09/2007
ALBERTO ARAÚJO
Enviado por ALBERTO ARAÚJO em 29/09/2007
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